quinta-feira, 17 de maio de 2007

Post # 10


Três, dois, um. Acabou-se o que era doce.

Adoro voltar para casa de ônibus à noite. Gosto de ver as ruas vazias, Postes, bancas de jornal, pessoas, bares, historias que passam. São tantas cores que com a velocidade tudo fica borrado em meus olhos. O vento gelado da serra Grajaú-Jacarepaguá afaga meus cabelos sujos, meus olhos fecham. Meu rosto congela. Meu mundo congela. Sentimentos congelam.


Lá do alto vejo a zona norte. Ver a cidade do alto me comove. Penso sempre na vastidão do mundo. De tudo que não chega a mim. Fico pensando em cada pessoa legal que existe por aí que jamais conhecerei. Comparo-me tão ínfimo diante o mundo inteiro aos meus olhos e me pergunto: por que exatamente as pessoas que eu conheço ou conheci, me relacionei, cruzaram meu caminho? Seis bilhões de pessoas e aquela te pergunta que horas são. Alguém esbarra em você, vira-se e pede perdão. Alguém no meio da noite lhe estende a mão e sorrindo lhe chama para dançar. E alguma dessas pessoas pode simplesmente mudar seu mundo, seu jeito de pensar e enxergar as coisas.

Não quero mais tentar entender os mistérios do mundo. Do meu mundo, precisamente. Dos meus sentimentos. Ali, naquele momento, com sentimentos congelados enquanto o vento levava de mim meus pensamentos ruins eu me perdoei, enfim. Pude descer do ônibus com o pé direito, apontando para a fé.