domingo, 27 de junho de 2010

Post # 3 1


Estava fuçando meu Fotolog em busca de algumas fotos. Apesar de algumas serem bem vergonhosas não consigo deleta-lo porque é uma especie de diario meu onde volta e meia estou lá a reler e rever alguns momentos da minha vida. Eu era bem melancolico, bem mais do que sou hoje em dia...

Antigamente me atrevia a escrever poesia e postava algumas lá. Não sei se está na métrica correta, dentro das regras, etc.. Mas ao reler o poema abaixo me identifiquei.


"Quero poder me livrar de medos
tento sorrir
acalantar um pranto
antes de dormir puxo meu manto
descobrindo os meus pés

sei que em todo túnel há um fim iluminado
mas o meu está lacrado
escrevo ali no muro meu sussurro escondido
brinco que é seu ouvido onde tudo faz sentido
onde deposito os meus gritos

jogo tudo em desespero
fecho os olhos,vejo tudo
pois de olhos fechados me escondo do futuro
na minha cabeça posso tudo
até amanhecer-me outra vez"


Parece que as minhas palavras continuam com os mesmos significados. Será que eu achei que mudei, mas não? Ainda terminei o post:

"pensando, pensando e pensando... quero voar, quero cantar, quero viver e amar... sou normal afinal, como diz a canção do poeta ' e no peito dos desafinados também bate um coração' "

terça-feira, 15 de junho de 2010

Post # 3 0


Tenho voltado do meu trabalho todos os dias de taxi. Eu saio meia noite, na Rua da alfândega e quem conhece o Rio de Janeiro sabe que ali nesse horário o centro vira uma terra sem lei. Após ser quatro vezes assaltado no ponto de ônibus exigi que me pagassem um taxi para voltar todos os dias pra casa ou não trabalharia mais ali. Não tinha mais condições psicológicas para isso. Fiquei traumatizado. Minhas exigências foram aceitas.

A empresa onde trabalho tem um convênio com uma companhia de taxi onde nos é concedido vouchers para uso exclusivo com a mesma. Todo santo dia eu ligo para pedir a minha “carruagem”. É engraçado que criamos vínculos, a começar pelos atendentes. Tem uma em especial que já me reconhe pela voz e o atendimento é muito mais rápido. Adoro, pois gasto poucos créditos no celular. Eu passo a imaginar como são essas pessoas. Imagino essa atendente uma bela mulher morena. Tem um rapaz que me parece ser bem jovem e tem uma voz macia e muito sotaque de carioca. Sotaque de carioca da zona sul (que é diferente!). Sotaque carregado, de surfista-lelek.

Os taxistas são um caso a parte. É cada historia que eu ouço... Um deles até escreveu um livro. Até tenho vontade de fazer um documentário com os taxistas que trabalham a noite. Se não me engano foi o 051 quem escreveu o livro.

Agora eles são números para mim: 059, 123, 129, 058... Hoje voltei para casa com o 058 e não foi a primeira vez. Dele me recordo bem. Eu moro em Vila Isabel, a 15 minutos de carro do centro, próximo ao Maracanã (para quem conhece um pouco do Rio poder se localizar). Na primeira viagem que fizemos me contou que nasceu e cresceu em Vila Isabel. Só saiu do bairro quando se casou na década de 80. Passando pela 28 de setembro ele me apontou a casa onde morou, aonde era a casa de uma namorada, próxima a minha. Parece-me que sempre quando ele está disponível ele pega a minha corrida. Não me parece coincidência. Parece que por alguns momentos ele quer visitar o lugar onde foi criado.

Hoje ele ouvia a radio Tupi onde o radialista narrava um assassinato. Um motociclista que quase atropela um mecânico que o xinga. Ele se sentiu ofendido, começaram a discutir. Armado, ele descarregou o pente no sujeito que quase foi atropelado por ele. Analisei ali, ouvindo o relato no radio, onde comecei a minha historia: na violência gratuita. Eu poderia ter sido vitima de alguém transtornado, porém, nunca sofri nenhum tipo de violência física. Poderia ser a minha historia sendo narrada. Mas não.

Num surto de falta de criatividade estou aqui, apagando meu segundo cigarro, enquanto escrevo. E não consigo amarrar um bom final para esse texto. Talvez eu duvide de quem leia ou até mesmo de mim. Só não tenho duvidas de que o 058 vai pegar a minha próxima corrida.