segunda-feira, 29 de março de 2010

Post # 2 7


O texto abaixo foi escrito em 11/08/2006. Volta e meia volto ao meu antigo blog e me pego relendo estas palavras que me são tão atuais e que mexem mais ainda comigo.

Ensaio sobre o tempo

Tenho pensado muito no tempo. No tempo que me resta, no agora, no que passou. Principalmente sobre o que passou. Sobre coisas que fiz, que deixei de fazer. Nas pessoas que passaram pela minha vida, cada marca deixada por elas. O que será que preenche nossas vidas? Lembranças são mesmo suficientes? Nos resta então nos afundar em sonhos, ilusões autopiedosas, desesperadas, que acabam por desviar nossa atenção para a cegueira da infelicidade.

Claro, há um mundo vasto, muito mais complexo do que nossas mentes incapazes podem imaginar, porém não quero problematizar esse assunto no momento. Aqui finjo analisar o tempo, enfim.

Na hora de fazer planos o que vem à sua cabeça? Morte, quem sabe. O futuro certo, o único. Tranqüilo e feliz sei o meu futuro, por isso sigo atrás de um passado pleno, satisfatório, assim no leito da morte poderei pensar: eu vivi! Seria poético se não fosse trágico.

A divisão do tempo é errada, o presente é algo irreal, o futuro a mim não interessa, quero saber do meu passado.
Não quero dizer, minha gente, que não me ponho a sonhar, mas é claro que sim! Porém me controlo. Desejos alados, aqueles que te tiram do chão podem ser dolorosos, eu bem sei, senti na pele quando me peguei a planejar um futuro, e cá estou a exaltar o passado, pois o "futuro" me abandonou. E o passado não me deixa, é meu bem mais precioso e tenho sede de um passado saudável. Como se fosse um filho meu que irá me acompanhar pelo resto da vida e que no fim irá cuidar de mim.

sábado, 27 de março de 2010

Post # 2 6


Por mais que a maturidade nos chegue envolvida em torno de nossas responsabilidades, não percebemos, mas tudo o que vivenciamos em nossa infância nos influencia eternamente, até o dia de nossa morte.

Lembro que fui uma criança bem calma, era um acessório da minha mãe, que me carregava para todos os lugares. Me lembro bem. Todo domingo pela manhã acordava e batia na casa de uma vizinha. Morava em uma vila, sua casa era ao lado da minha. Adora tomar café da manhã com ela, era como uma avó para mim. Eu fugia mesmo de casa. Quando meus pais percebiam, já tinha acordado e me arrumado sozinho e estava tomando café com a Tia Vina. Adorava o café porque na casa dela era diferente, ela tomava café solúvel. Eu achava mágico. Misturava o café no açúcar e mexia até ficar a uma cor próxima aos cabelos grisalhos da Tia Vina. Depois ela colocava água quente e aquilo virava café! Era genial. Adorava também ir à feira com meu pai, os almoços de domingo que aconteciam lá em casa. Dos churrascos e festas que aconteciam na Vila José Freire, em Mangueira.

Nós crescemos e no deslumbramos com o mundo e nos esquecemos das coisas mais importantes: as coisas simples que nos eram tão prazerosas. Uma festa de família, os passeios de colégio... Queremos hoje em dia tumulto, agitação, festas maravilhosas e luxo, mas deixamos de lado outra coisa que também nos é muito importante: a relação entre seres humanos.

Voltando ao início, carregamos durante a vida nossa visão infantil. Só acho engraçada ser a pior parte de ser criança onde na verdade gostaria, e tento hoje em dia, olhar de outra maneira para o mundo. Encontrar o prazer nas coisas simples, sejam em gestos, palavras ou outros tipo de ferramentas pós-modernas.

Depois de muita volta que a vida deu, depois de muito chão, muita pedra e caco de vidro no caminho tentando almejar coisas inalcançáveis vejo que sempre fui uma pessoa feliz dentro do meu próprio mundo.