O texto abaixo foi escrito em 11/08/2006. Volta e meia volto ao meu antigo blog e me pego relendo estas palavras que me são tão atuais e que mexem mais ainda comigo.
Ensaio sobre o tempo
Tenho pensado muito no tempo. No tempo que me resta, no agora, no que passou. Principalmente sobre o que passou. Sobre coisas que fiz, que deixei de fazer. Nas pessoas que passaram pela minha vida, cada marca deixada por elas. O que será que preenche nossas vidas? Lembranças são mesmo suficientes? Nos resta então nos afundar em sonhos, ilusões autopiedosas, desesperadas, que acabam por desviar nossa atenção para a cegueira da infelicidade.
Claro, há um mundo vasto, muito mais complexo do que nossas mentes incapazes podem imaginar, porém não quero problematizar esse assunto no momento. Aqui finjo analisar o tempo, enfim.
Na hora de fazer planos o que vem à sua cabeça? Morte, quem sabe. O futuro certo, o único. Tranqüilo e feliz sei o meu futuro, por isso sigo atrás de um passado pleno, satisfatório, assim no leito da morte poderei pensar: eu vivi! Seria poético se não fosse trágico.
A divisão do tempo é errada, o presente é algo irreal, o futuro a mim não interessa, quero saber do meu passado.
Não quero dizer, minha gente, que não me ponho a sonhar, mas é claro que sim! Porém me controlo. Desejos alados, aqueles que te tiram do chão podem ser dolorosos, eu bem sei, senti na pele quando me peguei a planejar um futuro, e cá estou a exaltar o passado, pois o "futuro" me abandonou. E o passado não me deixa, é meu bem mais precioso e tenho sede de um passado saudável. Como se fosse um filho meu que irá me acompanhar pelo resto da vida e que no fim irá cuidar de mim.