terça-feira, 3 de abril de 2012

O mau humor e o humor

Eu não me considero uma pessoa engraçada, na maior parte do tempo, pelo menos. No entanto meus amigos próximos (sabem, aqueles que realmente convivem comigo, têm uma relação, de fato) juram que tenho graça sim, especialmente quando estou no ápice do meu mau humor. Difícil entender? Nem tanto.

Acho que a arte de enxergar o risível, o humor na falta dele é muito subestimada. É claro que, pessoas como eu, sempre podem torcer para que os mau humorados de plantão de repente sejam visto como espirituosos, ácidos, críticos e até fofos, assim como o Woody Allen, por exemplo. Não custa sonhar, não é?

É aí que entra um dos programas de humor que eu mais gosto atualmente, o Adorável Psicose, cujo roteiro é assinado pela protagonista, Natália Klein.


É super inteligente, mágico, engraçado pra caralho? Não, não é. Mas, para mim o grande mérito de Adorável Psicose é esta protagonista "toda errada", com uma moral completamente torta e umbiguista (oi, contemporaneidade?) e que não está nem aí para que tipo de reações a sua liberdade de ação pode gerar.

Não querendo entrar em grandes polêmicas, eu acho sim que as pessoas estão levando a si mesmas e a vida e ainda, principalmente, sua vida virtual a sério demais. Elas não conseguem mais rir de si! Tomam tudo como ofensa pessoal e o humor é rechaçado nesta época de "bom mocismo" do politicamente correto. Tudo que a Natália do seriado não é, é politicamente correta. Aliás, ela é deliciosamente incorreta, fazendo muito do que sempre quis fazer e falando muito do que sempre quis falar, esse programa de humor provoca em mim uma verdadeira catarse. Penso: ai, até que enfim! Alguém entende!

Outra coisa, completamente subestimada e que o programa traz a tona é a arte da reclamação. Reclamar é do ser humano, é a forma que ele tem de contestar suas insatisfações, sejam elas quais sejam, ainda que sejam inúteis, fúteis ou que só interessem a você. E é um direito inalienável. Todo mundo pode reclamar do que quiser. Pode ser mal interpretado? Claro. Mas falando bem de algo, você também pode ser mal interpretado. Hoje mesmo, eu reclamei no twitter daquele aplicativo, jogo, seja lá o que for (realmente não me importa), no qual aparece nas redes sociais os lugares em que você está, sabem? (Fulano is at...) Eu reclamei porque acho ridículo e o motivo que fez me lembrar disso foi uma sequência de posts na minha timeline me informando o paradeiro de certas pessoas. Eu preferia ler outras coisas do que essa inutilidade (mas, o que no twitter é útil, não é mesmo?). Reclamei sim e fui grossa, sim! Daí as pessoas se sentem ofendidas, achando que é pessoal, que eu as estou xingando ou depreciando. Meu Deus! Menos, não é? De vez em quando, eu acho que as pessoas esquecem que a internet não é um simulacro da vida real. E de que o mundo não gira ao redor delas, também.

No mais: o twitter é meu, o facebook é meu, o blog é meu (esse não, o outro) e eu reclamo e/ou falo mal de quem eu quiser, oras!
Ria um pouco de si, ria um pouco de mim, pensem: nossa, que ridícula, essa chata! Mas com um sorriso, por favor!

P.S. Leiam o blog da Natália Klein, também. É ótimo!