terça-feira, 13 de março de 2012

Joga o machismo fora

Olá pessoas.
Olha, o post de hoje é impulsionado por um outdoor que eu sou obrigada a ver todos os dias, na volta para casa e que me dá ânsias (de vômito).
É o outdoor da promoção "Joga a velha fora", do Jornal Meia - Hora.


Eu não sou daquelas feministas chatas. Aliás, eu nem me considero feminista. Acho que, para defender os direitos das mulheres, não necessariamente precisa-se deste título. Nada contra feministas, agradeço muito o que fizeram por nós, mulheres. Eu só acho que hoje em dia a discussão está agressiva demais, digamos assim. Mas este não é o assunto de hoje, só a introdução.

Voltando ao outdoor... mesmo não me considerando feminista, essa propaganda me incomoda muito. O que vemos? Uma mulher sem roupa, sensualizando com panelas novas e brilhantes e com o slogan "joga a velha fora". É sério isso? Acho que os publicitários se confundiram um pouco porque, não fica claro quem é o público alvo deste anúncio.
Vamos ser sinceros, quem compra panela é mulher. E se o público alvo for elas, não seria mais efetivo colocar um homem nu? Não imagino uma senhorinha, dona de casa, olhando para este comercial e se empolgando. Deve se sentir ofendida também. Não só pelo fato dela mexer com dois clichês machistas: lugar de mulher é na cozinha (entre panelas) ou na cama (o apelo erótico), mas pelo slogan mesmo: joga a velha fora.

É fácil assimilar isso a mais do que uma troca de utensílios culinários mas a própria dona das panelas, já que a mocinha da propaganda é uma jovem atraente. Afinal de contas, que relação existe entre panelas e uma jovem nua? Eu tenho 26 anos e isso já me incomoda, imagine as mais senhoras...Não são só utensílios domésticos que são passíveis de troca. Trocar de esposa, companheira, namorada, amante é fácil como trocar de roupa mas magoa, deixa marcas.
Pior do que isto, é o vídeo. A mesma mulher do outdoor aparece de corpo inteiro (por partes, claro), andando de salto nua na cozinha. Isso não é só inviável mas perigoso. Todo mundo que já fez um ovo mexido que seja, sabe que podem acontecer várias coisas, como óleo respingar em você, por exemplo.

Eu sinceramente acredito que anúncios como quase que invalidam tudo pelo que aquelas que queimaram seus sutiãs lutaram. Mulher, para a mídia continua sendo então a mesma rainha do lar, não despida de erotismo porque, afinal de contas, é preciso "segurar o seu homem". Lamentável.

terça-feira, 6 de março de 2012


Precisamos falar sobre esse filme



Neste ultimo fim de semana, enfim, consegui assistir Precisamos falar com Kevin. Há muito tempo um filme não mexia tanto comigo.  De dormir e acordar e até fazer sonhar (ou ter pesadelos) pensando nele.




O filme é belissimamente dirigido por Lynne Ramsay inspirado no livro de Lionel Shriver. Baseado e fatos reais, não somente um único fato e sim na famosa epidemia americana de surtos de adolescentes e tragédias em colégios. Não se trata de bullying e sim da natureza de Kevin.

Tilda Swinton está impecável no papel de uma mãe que se afasta de sua carreira para ter um filho, aquela historia de se doar para perpetuar a espécie.  Ao longo dos anos o casal tem problemas de comunicação e o pequeno Kevin começa a demonstrar não ser uma criança comum. Ter filhos é como apostar na loteria, muito difícil acertar os números e levar o premio parar casa.




O filme é totalmente desconstruindo e aos poucos vamos montando os quebra-cabeças da infância e adolescência de Kevin até o dia em que ele resolve concluir seus planos de “vingança”. Vingança contra o que? Nem mesmo o Kevin diz saber. O Filme não é revelador, ou contestador, não concluí idéias. Até onde vai a culpas dos pais nas decisões certas ou erradas dos filhos e qual a interferência na predisposição genética ou psicológica que a própria pessoa tem em suas escolhas? Ele nos faz pensar sobre nós mesmos, em nossa família, e na vida em geral, na nossa responsabilidade na hora de gerar outro ser. As perguntas que me fiz são deliciosas, gosto de filmes assim, que me fazem pensar sobre questões profundas, crônicas do nosso subconsciente.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Apresentação e che guevadorismo

Olá, meu nome é Mayra e eu sou a mais nova colaboradora do Jovi, na boa... Na verdade o Jesus Bolado me contratou (cof cof mentchira, nossa parceria é a base da camaradagem) para dar um toque feminino por aqui (e pra ser a skinny bitch do blog)
Portanto, dividirei sentimentalismos e comportamentalismos. Nada de meninices exageradas porque né, não é o caso.

Enfim... enfim, é bom ter esse espaço porque, a proposta do meu blog pessoal é bem, bem diferente.

Eu quero falar sobre algo sério - mas que as pessoas precisam levar menos a sério do que estão levando: a síndrome de Che Guevara.
Não adianta procurar no google que isso é invenção minha. Eu já explico: com certeza vocês já encontraram um cara (geralmente barbado mas isso não é pré requisito) que jura ser marxista de carteirinha (em pleno século XXI e num país de regime capitalista). Engraçado que essas pessoas dizem isso pra você em uma boate cara, bebendo cerveja importada e de calça jeans. Quer dizer... so much for communism, né? E o mendigo lá da porta da boate pedindo uns trocados que se foda.

Enquanto fica só na lengalenga, é irritante mas inofensivo. O pior é quando passa para a ação.
Eu não tenho absolutamente nada contra uma juventude mais engajada, a gente tem uma carência neste setor mesmo mas as pessoas precisam começar a escolher suas causas e não quererem se tornar mártires dela. Lembram do Ocuppy Wall Street, o movimento contra o 1% que migrou para o mundo inteiro tomando formas mais adequadas às demandas de cada local?

Pois é. O Ocuppy começou porque os jovens americanos estão putinhos com a crise financeira do seu país e só agora se tocaram de que a riqueza é detida nas mãos de 1% da população, e que estes super - ricos, tem super - vantagens. Eles pagam menos impostos, por exemplo. Vamos combinar que para a gente, isso não é novidade nenhuma. O fator de bolação dos americanos teve dois estopins: a agressividade da bolsa de valores e o desemprego crescente.
Engraçado porque, esta nação foram eles mesmos que montaram, eles a fizeram assim, isso é o sonho americano - e o sonho, não é para todos. Acho que os protestos são válidos. Nevertheless, os americanos se inspiraram na Primavera Árabe para dar visibilidade às suas reclamações mas, que paralelo é esse? Jovens descontentes com a situação econômica em que se encontram e de seu país X jovens que não querem mais se submeter ao jugo de anos e anos de ditadura?




É seríssimo e quem se preocupa com isso é... um Gossip Girl. Qué dizê... Alguém achou que esse pessoal fosse ficar acampado em Wall Street quando chegasse o Natal e o Inverno novaiorquino? Eu não. Eles ainda estão lá? Não.
Como eu disse, isso gerou Ocupes em diversos locais. Tivemos um aqui no Rio, na Cinelândia. Havia coisas interessantes, demandas e discussões interessantes, como a aula de antropologia em pleno Acampa Sampa:



Entretanto, tinha muita baboseira no meio. O movimento era horizontal - ou seja, sem líderes. Mas, sempre que havia uma reportagem, ou muitos vídeos postados tinham os mesmos "protagonistas". Os inflamadores do povo. Os Che Guevara. Durou até bastante tempo, várias pessoas aderiram. Eu acompanhava de perto as discussões. Confesso que, meus sentimentos com relação ao Ocupa Rio sempre foram muito dicotômicos. Mas eu deixei de levar a sério quando o argumento de um dos heróis do Ocupa era de que nós, de classe média, privilegiados, que temos uma estrutura familiar deveríamos todos estar lá para dar voz aos que realmente não podiam, como pessoas que trabalham sei lá, como caixas de supermercado, por exemplo.

Quer dizer que, porque minha família vive com algum conforto e eu preciso me engajar para que ouçam no que eu acredito, eu devo pôr minha barraca de camping nas costas (ah, sim, eu não possuo uma barraca de camping) e dizer: Olha família, eu preciso fazer isso agora. Segurem as pontas e me banquem por um tempinho, tá? Vou morar temporariamente na Cinelândia.
Olha, me desculpa, mas não. Não é porque minha família tem certas condições que eu preciso me encostar neles. Eu quero - e preciso - trilhar meus caminhos. O dinheiro que eu gasto, pago as contas, é meu, vem do meu trabalho. Além disso, eu acredito em outras formas de resistência, como por exemplo: Arte e Educação. Preciso ser justa e dizer que havia isso nos Ocupes da vida...

Só que eu sou professora. Eu acredito que posso instaurar uma mudança pelo meu trabalho, a partir dele, aliás, é por isso que eu sou professora. Justo também.
É muito fácil se engajar nessas coisas, se acorrentar à grandes emissoras e fazer greve de fome e virar herói de uma geração sem heróis. Mas é passageiro. Altruísmo de verdade é velado, não tem nome. Fazer greve de fome quando há tanta gente no mundo - não precisa nem ir tão longe, no seu próprio país, miserável e passando fome é constrangedor, no mínimo. Ao invés de abrir mão de comer quando, graças a Deus, você tem o que pôr na mesa todo dia, é esbanjar. Pega essa comida não consumida e doe!
E isso me deixa puta porque, é uma ânsia de ajudar misturada com oportunismo. Será que se fizerem uma camiseta com o rosto dos novos heróis estampada nelas, eles acham que sua missão foi cumprida?