
Até hoje me assusto com a pressão que é escolher uma profissão. Alguns colégios aterrorizam jovens para que eles escolham um caminho, assim, como quem faz miojo. Claro, isso sempre passou pela minha cabeça, aquela velha pergunta que os adultos adoram fazer para as crianças: “e aí, conta pro tio, o que você quer ser quando crescer?”.
A criança, que mal sabe o nome do desenho animado que ela assiste todo dia de manhã responde: “medico, astronauta, paleontólogo, dentista...”.
Comigo foi diferente, não fui pressionado. Na época que eu decidi fazer cinema minha mãe me apoiou, até porque eu estava num momento depressivo e fazer o que eu gosto iria me ajudar. Meu pai fez aquele comentário clássico: e você vai viver do que? Foi quando eu descobri quando surgiu a idéia para o meu nome...
Num desses churrascos da vida, e meados de 1985, minha mãe grávida, meu pai fala: meu filho vai ser artista! Algumas pessoas acham engraçado, na vitrola toca o disco do Tunai, aquele cantor irmão do João Bosco. Alguém então fala: vai ser artista igual ao Tunai. Pronto, era o que faltava para os meus pais. Seria uma previsão do meu pai, então? Eu acabei crescendo com isso já no meu dna.
Meu pai sempre gostou muito de cinema e musica e há uns meses atrás ele secretamente revelou para minha irmã que a ver tocando violão tão bem e me ver estudando cinema enche ele de orgulho, porque são coisas que ele gosta muito. São coisas que ele gostaria de fazer.
Tenho medo de decepcionar meus pais. Mas eu tenho certeza de que estou no caminho certo. Até porque isso foi profetizado por ele até mesmo antes de eu nascer.