sábado, 27 de março de 2010

Post # 2 6


Por mais que a maturidade nos chegue envolvida em torno de nossas responsabilidades, não percebemos, mas tudo o que vivenciamos em nossa infância nos influencia eternamente, até o dia de nossa morte.

Lembro que fui uma criança bem calma, era um acessório da minha mãe, que me carregava para todos os lugares. Me lembro bem. Todo domingo pela manhã acordava e batia na casa de uma vizinha. Morava em uma vila, sua casa era ao lado da minha. Adora tomar café da manhã com ela, era como uma avó para mim. Eu fugia mesmo de casa. Quando meus pais percebiam, já tinha acordado e me arrumado sozinho e estava tomando café com a Tia Vina. Adorava o café porque na casa dela era diferente, ela tomava café solúvel. Eu achava mágico. Misturava o café no açúcar e mexia até ficar a uma cor próxima aos cabelos grisalhos da Tia Vina. Depois ela colocava água quente e aquilo virava café! Era genial. Adorava também ir à feira com meu pai, os almoços de domingo que aconteciam lá em casa. Dos churrascos e festas que aconteciam na Vila José Freire, em Mangueira.

Nós crescemos e no deslumbramos com o mundo e nos esquecemos das coisas mais importantes: as coisas simples que nos eram tão prazerosas. Uma festa de família, os passeios de colégio... Queremos hoje em dia tumulto, agitação, festas maravilhosas e luxo, mas deixamos de lado outra coisa que também nos é muito importante: a relação entre seres humanos.

Voltando ao início, carregamos durante a vida nossa visão infantil. Só acho engraçada ser a pior parte de ser criança onde na verdade gostaria, e tento hoje em dia, olhar de outra maneira para o mundo. Encontrar o prazer nas coisas simples, sejam em gestos, palavras ou outros tipo de ferramentas pós-modernas.

Depois de muita volta que a vida deu, depois de muito chão, muita pedra e caco de vidro no caminho tentando almejar coisas inalcançáveis vejo que sempre fui uma pessoa feliz dentro do meu próprio mundo.

5 comentários:

Érika disse...

chorei..
beijos..

Thauan Santos disse...

Pois. Concordo plena e integralmente com a mensagem principal desse post.

Infelizmente, algumas pessoas têm que estar a milhares de quilômetros de distância do corriqueiro (mas essencial e pilar básico de qualquer um) para se dar conta que, por exemplo, uma festa em família é tudo o que deseja: uma das coisas mais interessantes e gostosas que se tem.

Com relação à infância, certamente que ela ajuda a moldar o barro que somos e, belos ou não, suas marcas e cicatrizes estarão sempre lá; ainda que ocultas.

Belo texto, Tunai.

Lella disse...

AH, isso certamente é uma coisa que eu nunca precisei sofrer ou perder pra ter de me dar conta...

Neste fim de semana mesmo estava assistindo a um filme, chamado "O segredo dos seus olhos" (aliás, você tem que ver, Tunai, um filme lindíssimo), e um personagem fala que o ser humano é capaz de mudar tudo, menos de paixão. E eu sempre soube que a minha paixão são as pessoas!

São as pequenas coisas que permeiam as relações com as pessoas que fazem dos pequenos detalhes os grandes momentos, os grandes diferenciais, que nos fazem sentir verdadeiramente humanos...

Se você não fosse também apaixonado por pessoas, não fosse a sua ligação com a Tia Vina, não haveria Nescafé, água quente ou caralho a quatro que fosse marcante, aposto!

Saudadinhas, querido!

Barthô Tarsus disse...

foda que qdo criança nossos sonhos são simples e pequenos, e quem os realizam são outras pessoas (adultos). esses sonhos não envolvem dinheiro, e mesmo que envolvam, ele não faz parte do mundo infantil.

qdo crescemos nos vemos na responsabilidade de realizarmos nossos próprios sonhos e eles tb envolvem dinheiro e estes sonhos são mais complexos, e passamos a ter noção do quão distante eles estão...

em suma, a inocência (ignorância) é o que faz as crianças serem o que são e de serem felizes

Unknown disse...

adorei!!!precisava ouvir isso...