segunda-feira, 5 de março de 2012

Apresentação e che guevadorismo

Olá, meu nome é Mayra e eu sou a mais nova colaboradora do Jovi, na boa... Na verdade o Jesus Bolado me contratou (cof cof mentchira, nossa parceria é a base da camaradagem) para dar um toque feminino por aqui (e pra ser a skinny bitch do blog)
Portanto, dividirei sentimentalismos e comportamentalismos. Nada de meninices exageradas porque né, não é o caso.

Enfim... enfim, é bom ter esse espaço porque, a proposta do meu blog pessoal é bem, bem diferente.

Eu quero falar sobre algo sério - mas que as pessoas precisam levar menos a sério do que estão levando: a síndrome de Che Guevara.
Não adianta procurar no google que isso é invenção minha. Eu já explico: com certeza vocês já encontraram um cara (geralmente barbado mas isso não é pré requisito) que jura ser marxista de carteirinha (em pleno século XXI e num país de regime capitalista). Engraçado que essas pessoas dizem isso pra você em uma boate cara, bebendo cerveja importada e de calça jeans. Quer dizer... so much for communism, né? E o mendigo lá da porta da boate pedindo uns trocados que se foda.

Enquanto fica só na lengalenga, é irritante mas inofensivo. O pior é quando passa para a ação.
Eu não tenho absolutamente nada contra uma juventude mais engajada, a gente tem uma carência neste setor mesmo mas as pessoas precisam começar a escolher suas causas e não quererem se tornar mártires dela. Lembram do Ocuppy Wall Street, o movimento contra o 1% que migrou para o mundo inteiro tomando formas mais adequadas às demandas de cada local?

Pois é. O Ocuppy começou porque os jovens americanos estão putinhos com a crise financeira do seu país e só agora se tocaram de que a riqueza é detida nas mãos de 1% da população, e que estes super - ricos, tem super - vantagens. Eles pagam menos impostos, por exemplo. Vamos combinar que para a gente, isso não é novidade nenhuma. O fator de bolação dos americanos teve dois estopins: a agressividade da bolsa de valores e o desemprego crescente.
Engraçado porque, esta nação foram eles mesmos que montaram, eles a fizeram assim, isso é o sonho americano - e o sonho, não é para todos. Acho que os protestos são válidos. Nevertheless, os americanos se inspiraram na Primavera Árabe para dar visibilidade às suas reclamações mas, que paralelo é esse? Jovens descontentes com a situação econômica em que se encontram e de seu país X jovens que não querem mais se submeter ao jugo de anos e anos de ditadura?




É seríssimo e quem se preocupa com isso é... um Gossip Girl. Qué dizê... Alguém achou que esse pessoal fosse ficar acampado em Wall Street quando chegasse o Natal e o Inverno novaiorquino? Eu não. Eles ainda estão lá? Não.
Como eu disse, isso gerou Ocupes em diversos locais. Tivemos um aqui no Rio, na Cinelândia. Havia coisas interessantes, demandas e discussões interessantes, como a aula de antropologia em pleno Acampa Sampa:



Entretanto, tinha muita baboseira no meio. O movimento era horizontal - ou seja, sem líderes. Mas, sempre que havia uma reportagem, ou muitos vídeos postados tinham os mesmos "protagonistas". Os inflamadores do povo. Os Che Guevara. Durou até bastante tempo, várias pessoas aderiram. Eu acompanhava de perto as discussões. Confesso que, meus sentimentos com relação ao Ocupa Rio sempre foram muito dicotômicos. Mas eu deixei de levar a sério quando o argumento de um dos heróis do Ocupa era de que nós, de classe média, privilegiados, que temos uma estrutura familiar deveríamos todos estar lá para dar voz aos que realmente não podiam, como pessoas que trabalham sei lá, como caixas de supermercado, por exemplo.

Quer dizer que, porque minha família vive com algum conforto e eu preciso me engajar para que ouçam no que eu acredito, eu devo pôr minha barraca de camping nas costas (ah, sim, eu não possuo uma barraca de camping) e dizer: Olha família, eu preciso fazer isso agora. Segurem as pontas e me banquem por um tempinho, tá? Vou morar temporariamente na Cinelândia.
Olha, me desculpa, mas não. Não é porque minha família tem certas condições que eu preciso me encostar neles. Eu quero - e preciso - trilhar meus caminhos. O dinheiro que eu gasto, pago as contas, é meu, vem do meu trabalho. Além disso, eu acredito em outras formas de resistência, como por exemplo: Arte e Educação. Preciso ser justa e dizer que havia isso nos Ocupes da vida...

Só que eu sou professora. Eu acredito que posso instaurar uma mudança pelo meu trabalho, a partir dele, aliás, é por isso que eu sou professora. Justo também.
É muito fácil se engajar nessas coisas, se acorrentar à grandes emissoras e fazer greve de fome e virar herói de uma geração sem heróis. Mas é passageiro. Altruísmo de verdade é velado, não tem nome. Fazer greve de fome quando há tanta gente no mundo - não precisa nem ir tão longe, no seu próprio país, miserável e passando fome é constrangedor, no mínimo. Ao invés de abrir mão de comer quando, graças a Deus, você tem o que pôr na mesa todo dia, é esbanjar. Pega essa comida não consumida e doe!
E isso me deixa puta porque, é uma ânsia de ajudar misturada com oportunismo. Será que se fizerem uma camiseta com o rosto dos novos heróis estampada nelas, eles acham que sua missão foi cumprida?


Um comentário:

Barthô Tarsus disse...

foda

texto perfeito, sem tirar nem por